A SIC Notícias começou a emitir há dez anos – não falam por lá de outra coisa, hoje. Independentemente do meu juízo normalmente negativo do jornalismo, causado pela impreparação de muita gente que aparece a papaguear coisas que não entende, a caracterizar coisas que desconhece e a empolar nadas, é positivo que haja um tal canal de televisão e os seus congéneres. Fará talvez com que deles saiam no futuro profissionais mais preparados, dadas as exigências que presidem a um canal de notícias, diferentes das que geraram grande parte dos profissionais de agora. Mas com eles acabou uma era. A da televisão generalista e gratuita. Gratuita se fizermos um esforço para esquecermos a antiga taxa de televisão e a contribuição áudio-visual que ainda hoje se paga para o serviço público. O que resta dessa televisão é pouco mais do que refugo, para não lhe chamar coisa pior. por MCV às 19:28 de 08 janeiro 2011
Um equador
Um equador separa dois mundos - a face oculta e o lado solar. Para lá dele todos os locais distam de cada um de nós, no pólo pessoal, mais do que qualquer um dos que ficam aquém. No nosso pólo, deitados na horizontal, caminhamos erectos sobre um ponto desse equador. Assim nos deitemos de cabeça à roda, assim circularemos sobre tal linha. Que cada um saiba onde passa o seu equador, dado o pólo onde escolha deitar-se.
Talvez ainda volte a falar do meu, dos sítios por onde passa. por MCV às 16:44
Percentagens
A título de curiosidade, o número de votos recolhidos e as respectivas percentagens pelos presidentes reeleitos:
1980
Ramalho Eanes
3262520
56,44%
1991
Mário Soares
3459521
70,35%
2001
Jorge Sampaio
2401015
55,55%
dados da CNE* * embora o número de votos apenas conflitue com os dados do antigo STAPE, a fórmula de cálculo das percentagens, diversa de organismo para organismo, dá valores diferentes aqui e acolá. por MCV às 10:57 de 07 janeiro 2011
Duas notas com ano e meio
“[...] Sobre isso já disse o que disse, mas cabe ainda acrescentar que, sendo leitor do Expresso desde 1973, apreciei devidamente a arrogância publicitária do BPP na Revista do dito ao longo dos anos (alguém já terá enumerado os colaboradores voluntários de tal publicidade?). Fiquei, talvez por não ser parte do público-alvo da coisa, quase desde o primeiro momento, com a devida erisipela ao ler as notas à margem dos textos dos convidados. [...]” aqui, em 9 de Junho de 2009
Finalmente, alguém se lembrou da lista dos que fizeram propaganda ao BPP.
Alguém dizer agora, como disse Manuel Alegre, que não sabia para que serviria o texto que escreveu, não abona nada em seu favor. Tal como não abonava a seu favor então e agora, a declaração de Cavaco Silva que tinha (tem) perdido muito dinheiro com as suas aplicações financeiras.
“Diz o Presidente da República que está a perder muito dinheiro com as aplicações das suas poupanças. [...]” aqui, em 3 de Junho de 2009 por MCV às 13:42 de 06 janeiro 2011
Tenho uma certa predilecção pelos filmes de Wim Wenders, é certo. Não contava, porém, ver-me a braços com uma burra teimosa pertencente a um dos meus velhos amigos, figurando esta – que não eu - num filme do dito. Tanto andava por ali, cavalgando-a em pêlo, apenas com uma corda a jeito de rédea, como via do alto a sombra de alguém sobre o caminho, a puxá-la. A sombra, apenas. A que se acrescentava a da sirga muito para além das mãos da sombra. No final, havia um almocreve escondido, com carroça e tudo, dentro de um retábulo. O meu amigo foi lá acordá-lo, de má catadura. De Wim Wenders, nem o rasto.
Pertenço ao número dos que consideram indiferente a adopção ou não adopção do acordo ortográfico. Só por si. Já as razões geralmente invocadas para a sua celebração sempre me pareceram equivalentes a grosseiros disparates. Não me recordo de uma única que fizesse algum sentido. Mas a escrita assim ou assado não é relevante para mim. Vou continuar a escrever como me parece, demorando o meu tempo a adaptar-me, tal como demorei com a última norma que, entre outras coisas eliminou o acento grave em alguns advérbios de modo. Que foi a de que mais dei conta. Não vejo razão para alguém se agarrar a uma ortografia em particular a não ser à que lhe é ensinada em tenra idade. Para congelarmos a ortografia, qual seria o critério para a congelarmos com a norma de ontem e não com a de anteontem, do século passado ou de há quinhentos anos? A RTP entretanto, para falar do assunto, apresenta este quadro: