Tenho Passos Coelho na conta de um homem inteligente. Nunca o ouvi dizer uma barbaridade que fosse e já o ouvi desenvolver raciocínios que só estão ao alcance dos capazes. Para variar, não é mau que se candidate. Porém, nem sempre ou quase nunca um homem inteligente é o melhor político. Não se trata de levar naves a Marte, trata-se de governar um povo. Mas é (seria) uma satisfação não ter que ouvir (des)arrazoados imbecis. por MCV às 18:07 de 18 abril 2008
O alerta
Ou o aviso encarnado. Foi o que se viu. E o que se previu. por MCV às 13:42
Capotamento
No meu tempo, capotar era ficar de patas para cima ou passar por esse estado. Hoje, qualquer veículo tombado, com as patas para o lado, está capotado. A semântica...
Quais serão os critérios para estes alertas meteorológicos? Algum existirá. Com base em previsões que são quantificações, presumo. Mas não me parece serem certeiros. Atentemos neste de hoje. Se fará algum sentido. Um dia virá em que ninguém acreditará... por MCV às 00:23
Menezismo silente
Tinha aqui uma nota para publicar, datada de Dezembro em que me interrogava: O que é que se passa com a voz do Dr. Luís Filipe Menezes, desde que foi eleito presidente do PSD? Passa-se algo com a voz dele ou os microfones são todos diferentes e os jornalistas também, visto que o tom das perguntas permanece o mesmo? por MCV às 22:35 de 17 abril 2008
Cinco
E ainda há quem diga que sabe a causa das coisas. por MCV às 00:04
Os verdes e os vermelhos - parte III de 2007/2008*
* em jogos oficiais, se não me falha a memória. por MCV às 18:19 de 16 abril 2008
O acordo
É claro que a língua e a sua evolução não é ciência certa. Pensar que o é, é que é rotundo disparate. A ortografia, contudo, é convencional. Só que, sendo convencional, influencia a língua, introduzindo nela factores de modificação. Penetrar nos meandros das transformações que a língua sofrerá num futuro mais ou menos longínquo, é estultícia, dada a complexidade dos mecanismos e o número de factores em jogo. Quando ouço estes mestres ditos da língua, quando os vejo arrazoar, a primeira coisa que me ocorre é sujeitá-los a uma elementaríssima prova de raciocínio, a demonstração – por um método qualquer que seja – do teorema de Pitágoras. Apenas isso. Há alguns, poucos, que dão mostras de conseguir superar o teste. Eu e os meus preconceitos...
As sociedades parecem ter evoluído juntamente com o Homem. O Homem evoluiu de acordo com uma directriz que desconhecemos em absoluto. O mais perto que podemos chegar dela é para dizer que se apurou para sobreviver – é o que nos parece. E o que parece também ser o caso das demais espécies vivas, ainda que saibamos que algumas soçobraram. As sociedades a partir do somatório das cabeças, grosseiramente dito. Há depois a questão misteriosa dos valores. Temos, ainda, cada um de nós um ideal de sociedade, de justiça, de conforto, de bem. E com vista no qual, às vezes pensamos que nos aperfeiçoaremos com o tempo. Sendo que cada pessoa terá o seu ideal, haverá diversíssimos pontos de contacto entre os valores de cada um e os do seu próximo. Creio que tudo isto é coisa perecível e que um dia virá em que os valores sejam mais uma coisa arrumada nas prateleiras do pensamento mágico. Mas, por enquanto, enquanto ainda os cultivamos, há coisas que dificilmente se entendem ou só se entendem à luz de uma sociedade comandada por mentecaptos, sujeita a uma teoria do coitadinhismo em que as regras de civilidade não são para cumprir, que o criminoso é sempre mais coitado do que a vítima, em que não há nem pode haver castigo para a prevaricação, a menos que... E é esse a menos que que é incerto, que é sujeito às modas que ora se inculcam ao povoléu ora o dito inventa a partir da tal evolução a que estão sujeitos os seus elementos. E digo que são mentecaptos não por concordar ou discordar do que teorizam. Digo-o porque vejo serem incongruentes os edifícios teóricos que esboçam, por não serem capazes de lhes preverem as mais básicas das consequências e por depois se queixarem das regras que explícita ou implicitamente criaram. As notícias de ontem e de hoje dão conta, a serem verdadeiras, de duas situações paralelas que bem ilustram este desnorte. Diz-se que os persistentes não-pagadores de impostos vão parar à cadeia. Não me oporia se não ouvisse a seguir que os tipos que mataram um desgraçado à pancada e o abandonaram numa espécie de fundo de um poço, apanharão – apenas um deles – no máximo uma qualquer pena suspensa. A ser isto verdade, este é apenas mais um sinal do que é há muito uma certeza. Estamos entregues a mentecaptos, cheios de teorias sociais que, de resto, são completamente incapazes de compreender. por MCV às 10:35
As pernas das meias e o não-galanteador
Há frases que nos saem da boca quando menos esperamos. Algumas delas são assassinas. Não que seja aquela coisa de “disse sem pensar, desculpa lá!”. Que isso é um dos maiores disparates que se sedimentou no argumentário popular. Ninguém diz coisa alguma que não esteja na cabeça, na qual não tenha já pensado. É mais o despropósito, a inadequação ao tempo e ao modo. Uma das que ainda hoje me atormenta, quase um quarto de século depois, não tanto pelo impacto que teve, mas mais pelo ridículo por que eu próprio passei de imediato no meu espelho, saiu-me numa réplica a uma afirmação inesperada. A primeira vez que vira aquela mulher fora umas escassas horas antes. Achara-a morfologicamente interessante, muito interessante até. Talvez tivesse trocado com ela duas ou três frases, antes de nos metermos ao caminho - vou eu à frente, que sei o caminho – motoristas de serviço que ambos éramos. E eis que estávamos a almoçar a dois, algures em parte certa. Já não me recordo do que a terá levado a dizer tal coisa. Mas disse. Disse que as pernas que se viam nas tampas das caixas de certa marca de meias de senhora eram da mãe dela. Disse isso e disse mais qualquer coisa antes que eu tivesse retorquido. E retorqui, claro, da forma mais desastrosa: “Sem galanteio, tem então a quem sair!” Mas sem galanteio porquê, minha besta? – disse-me o grilo, de imediato. E não achas que foste assim vulgarinho? – continuou. Muito embora não saiba muito bem a quê ou a quem atribuir o facto de não me ter oferecido para a acompanhar a casa no final do dia, certo de que a oferta não seria desprezada, ainda hoje culpo o grilo. E ele, a mim. Lembrei-me disto por causa desta caixa ou lembrei-me da caixa por causa disto. Já não sei bem. Mas esta senhora não era a mãe dela. Era de outra marca.