A ser verdade que é hoje atribuída a primeira matrícula com as letras no meio, não obstante a ponte, aqui se recorda um post sobre o assunto. Não é que tenha de facto muito assunto, como dizia o outro. por MCV às 17:08 de 27 maio 2005
Na fronteira dos conceitos ou no conceito de fronteira
Um dia ainda saberemos mais sobre a forma como organizamos, estruturamos o nosso pensamento, a nossa ideia das coisas. Partindo para já do princípio de que existe uma Grande Filosofia, uma ideia geral comum a todas as civilizações e às vanguardas que a elas pertencem. Que o Homem, independentemente do social, congemina uma imagem das coisas que é transversal a todas as culturas. A existir essa visão comum do mundo, poderemos sempre interrogar-nos sobre a sua eficácia enquanto leitura "real", assim se consiga separá-la da leitura "prática". É sobre este assunto que talvez mais linhas se tenham escrito em toda a História. Quaisquer que tenham sido a forma e a metáfora. Um dos pilares em que assenta a leitura "prática" é a definição de limites, de fronteiras, de finidade. A célula tem uma fronteira, o indivíduo uma pele, os territórios sesmos, a vida um fim. Esta compartimentação decorre mais do facto de qualquer ideia ser primeiro individual e depois propagada e não gerada por uma mente universal e intemporal. Assim o fosse, e provavelmente o infinito, o ilimitado, seriam mais comuns do que a compartimentação. Menos "praticáveis" mas eventualmente mais perto do "real". por MCV às 13:49
Ao fim e ao cabo, são a referência maior aqui na blogosfera. Talvez o traço comum mais evidente entre os que aqui escrevem. Livros. A cada um de nós o seu tipo de fascínio. A uns, os ex-libris, as dedicatórias, os sublinhados, as páginas dobradas, as marcas lá deixadas sob a forma de bilhetes de autocarro, pequenas notas, folhas secas, qualquer coisa que ali pertencesse no momento. A mim, apenas uma assinatura de propriedade e uma data, a folhas 3. Nada de sublinhados, talvez uma rara marca esquecida. Vejo-os como objectos não profanáveis com tinta a não ser com a marca de posse. Sou possessivo com a minha biblioteca. Livros. O cambar dos bolsos do meu pai ao peso habitual do livro companheiro. Livros. O cheiro e as farpas das folhas de papel rude, ao serem separadas pela lâmina. Livros. Os títulos improváveis. As capas em que me fixava embevecido com o desenho das letras e o arranjo simples e eficaz das formas e das cores. Livros. A recordação das barraquinhas alinhadas ao longo da Avenida da Liberdade. Dos olhos espreitarem mal os escaparates. Em plano alto. Está na altura. Estão os meus olhos já e ainda à altura de os contemplar, de os comer. por MCV às 12:42
Dia de São Google
Já há tempo que não deixava aqui sinal de estranhas pesquisas. Hoje foi, no entanto, e são ainda cinco e pouco, um dia profícuo. A saber:
Apenas comento o primeiro. Não me parece que na mira do buscante estivesse a famosa mulher-cobra de quem falei aqui há atrasado. Estava com toda a certeza algo que o afligia ainda mais. Ou, tratando-se de uma fêmea juvenil, quem sabe não estaria à procura de ensinamentos teóricos.
Não fora ter estado à espera de um velho amigo debaixo de uma árvore de folha caduca, nas cercanias do lugar onde os factos ocorreram e não me lembraria do carro do poeta. Uma coisa é certa - era Outono. E era já noite escura. E eu estava mais de enfermeiro do que de amante. Coisas da mudança de estação. Primeiros frios. Foi assim num lusco-fusco artificial que ouvi o estrondo. Qualquer coisa me disse que a noite ia ser menos calma do que esperavam uma mulher febril e um homem falando com voz suave - sim, também sei suavizar as sílabas quando é caso disso. Foi no teu carro - era a perspectiva que tinha da janela. Percebi ainda mais a moleza que se apoderara dela quando em vez de um berro, apenas pediu que fosse resolver o assunto. Quando cheguei ao local do crime, deparei-me com um casalinho em vias de ir jantar fora. Já não iam. A frente do carro estava desfeita. Não fiz qualquer comentário às circunstâncias que teriam levado um deles a despistar-se numa rua da cidade e a abalroar três carros três. Apenas me apresentei como dono do Lancia. Foi logo a seguir que, para espanto meu e deles, verifiquei que o carro mais atingido viajara um bom meio metro para a direita mas ficara a um ou dois centímetros do carro da fera. Dei-lhe a volta duas vezes e não vi nem uma beliscadura. Não eram assim três os carros amassados. Quero dizer, eram. Três contando com o do casalinho desanimado. Chegou então o dono do que estava mais à esquerda. Com toda a calma lá trocou os habituais elementos com o jovem casal. Foi então que me perguntou onde é que eu morava. Na minha qualidade de dono do Lancia tinha que morar no prédio ali um pouco abaixo. Foi o que lhe respondi. Então sabe de quem é este carro - dizia-me assim com jeitos de me querer pôr à prova e apontando para o tal que estava entre o "meu" e o dele. Não faço ideia. Não? Mas ele mora no seu prédio. É o poeta! Huuuuuum - fiz um ar entendido e saí de cena, saudando os circunstantes. Ela estava a dormitar tranquilamente e eu ainda fiquei mais convencido de que o sexto sentido das mulheres se aplica também ao estado de saúde dos próprios automóveis. por MCV às 19:58 de 23 maio 2005
Espólio (9)
Começa a cheirar a praia.
Espólio Campos Vilhena - foto de JAM
Para a Zambujeira, a cavalo, em 1932. por MCV às 11:47
Agora já se pode dizer
Que a maior seca do Benfica foi de dez anos. A do Sporting foi de dezassete. E a do Porto de dezoito.
E que no Porto continua a ser fácil acicatar os ânimos da ralé. por MCV às 22:33 de 22 maio 2005