É a minha aposta desta semana. por MCV às 21:02 de 28 julho 2007
Agora que
A coisa começou a aquecer, não tardará quem venha dizer que este verão é o ... de sempre ou desde que há registos. por MCV às 21:02
Portugal, 2005
Assim, à segunda vista, não há nada de invulgar neste bedouro, como se diz lá para as minhas bandas. Falta-lhe a torneira em cima ou o constante repuxo, pelo que está inutilizado. E, aproveitando a canalização, lá está uma torneirinha para a rega, como se subentende pela mangueira anexa.
Não se pode é dizer, dadas as circunstâncias, que não pareça, de repente, uma construção digna da lógica reinante.
Há uma espécie de falso pudor virginal nesta história à volta da volta à França e do ciclismo em geral. Mas afinal desde quando é que andaram todos os que agora parecem surpreendidos, a enterrar a cabeça na areia? Eu continuo a gostar de ciclismo da mesma forma e com a mesma admiração, desde a ribeira do Vascão. Mas não confundo ciclismo com desporto, tal como não confundo com desporto a grande parte das actividades que como tal são designadas, o futebol por exemplo. por MCV às 05:47 de 26 julho 2007
A morte dos mapas em papel
Sei lá quando começou esta minha paixão pela cartografia, pelos mapas do estado das estradas, pela navegação de carta no colo. Certa vez, vi-me comparado ao patriarca de Macondo, fechado num quarto com mapas portugueses. Percebi ao longo da vida que esta minha paixão era abstrusa para a maioria. E que para essa maioria, um mapa era uma coisa estranha, difícil de interpretar e de utilidade mais do que duvidosa. Apercebi-me que esse era um dos factores que fazia com que o rebanho se encaminhasse todo para os mesmos percursos, deixando livres e desimpedidos valiosos caminhos secundários, de norte a sul. Hoje, alguém entrou no H Gasolim Ultramarino através desta pesquisa: lisboa a vila nova de milfontes estradas E, apesar de, lá conseguiu a dica que se encontra em primeiro lugar nos resultados. Isto fez lembrar-me de um episódio que faz parte da lenda, melhor dizendo do anedotário familiar. No tempo em que a ida a banhos se fazia em comboio de tracção animal, contemplando carro com bagagem para três meses e até carrada de lenha. Coisa anterior ao maquedame que haveria de justificar a compra de automóveis, anos mais tarde. Numa dessas idas, que eram de muitas e muitas horas até Vila Nova, falhou qualquer coisa. O navegador habitual estava impedido por qualquer razão e como a primeira parte da viagem era feita na calada da noite, sucedeu que a antemanhã os surpreendeu à vista da vila, posto que tinham circumnavegado. Conheci alguns almocreves que foram lá do monte. Nenhum deles admitiu estar nessa caravana, lá pelo final dos anos 30.
trecho do Plano Rodoviário de 1945 (JAE)
Ah, os mapas em papel. Pois parece que têm os dias contados. por MCV às 01:10 de 25 julho 2007
Um homem chamado Governo
Já aqui citei a história ao de leve. Mas hoje vem a propósito da data. Conta Luz Soriano, na História da Guerra Civil, que na manhã de 24 de Julho de 1833, um homem chamado António Joaquim Governo terá resolvido por sua iniciativa o impasse da guerra:
“Rebentára pois a manhã do citado dia 24 de julho, quando, seriam então quatro horas, um homem do povo, chamado Antonio Joaquim Governo, de profissão alfaiate, e primeiro sargento da oitava companhia do segundo batalhão do regimento de ordenanças da côrte, arrebatado dos desejos de fazer apparecer a insurreição, se dirigiu ao caes do Sodré, onde achou em contestações junto do mesmo caes os catraeiros, que já ali se achavam, por causa de um d’elles haver levado a bordo da Mixeriqueira alguem que d’este navio pretendia passar ao Porto. Antonio Joaquim metteu-se entre os ditos catraeiros, a pretexto de os accommodar, e quando os julgou dispostos já a seu favor, tomou a resolução de romper em vivas e acclamações a sua magestade, a rainha D.Maria II, e à carta constitucional, tendo por si a fortuna de ser logo seguido por varios dos circumstantes, a que depois se reuniram alguns dos operarios, que vinham para os seus trabalhos do arsenal da marinha. Este facto, presenciado de Cacilhas e Almada pela divisão constitucional do duque da Terceira, fez-lhe logo suppor, que algum movimento revolucionario se achava em começo em Lisboa, pensando nós também que este mesmo facto fôra um dos motivos, que levára o governador, e a guarnição do castello de Almada, a entregar-se ao referido duque, o que varios dos seus defensores fizeram, fugindo outros para a Trafaria, como já vimos. Alcançado assim este triumpho, o mesmo Antonio Joaquim Governo, enthusiasmado por elle, passou do caes do Sodré ao largo do Corpo Santo, acompanhado já por bastantes individuos da sua classe, e sentimentos iguaes aos seus. No referido largo encontrou elle alguns soldados, que com as bagagens dos seus respectivos corpos, se dirigiam para o Campo Grande, para lá se reunirem a elles. Governo e os seus companheiros lançaram-se atrevidamente aos referidos soldados, tendo a fortuna de os desarmar, sem haverem soffrido incommodo algum. Do largo do Corpo Santo passaram depois ao do Pelourinho, e encarando com o arsenal da marinha, onde estavam de guarda alguns voluntarios realistas, tomaram os amotinados a resolução de se lhes apoderarem das armas, que por um dos postigos, que estava aberto na porta principal, viram encostadas a um dos pilares do telheiro fronteiro à capella de S. Roque. Foi o mesmo Antonio Joaquim Governo o que lhes deu o exemplo para esta façanha, que os levou a assenhorearem-se das referidas armas, sem que alguem se atrevesse a embaraçar-lhes o passo, pois que elle Governo, depois de as ter assabarcado todas a si, bem como as respectivas patronas e cartuchame, que dentro d’ellas havia, fez de todas estas cousas franca distribuição pelos seus associados. Eis-aqui pois como appareceu em publico armada e municiada a primeira porção dos amotinados em favor da causa liberal. A ella principiaram depois a reunir-se na cidade baixa outras porções de povo, visto não haver auctoridade alguma miguelista, que lhes impedisse o seu agrupamento, ou procurasse dominar a revolução. Da dita cidade baixa passaram os revolucionarios ao Limoeiro, onde soltaram os presos, seguindo-se-lhe depois todos os mais actos, que pozeram a revolução em caminho plano para o seu triumpho.
Antonio Joaquim Governo era um grande fallador, com a monomania de ter sido elle o auctor da revolução liberal, rebentada em Lisboa em 24 de julho de 1833. Arrastado por esta crença, veiu uma vez procurar-me a minha casa, para me confiar um documento passado em julgado, baseando-se a respectiva sentença, no depoimento unanime das testemunhas que apresentou, para provar os seus allegados serviços, exigindo tambem que eu os consignasse na minha historia, o que agora faço, convencido de que este homem já morreu ha muitos annos. Entretanto é um facto, que pelos seus ditos serviços foi nomeado, em 1 de Julho de 1835, continuo addido á repartição do ajudante general, d’onde depois passou para o ministerio da guerra, quando se extinguiu o estado maior general, e o commando em chefe do exercito, achando-se em outubro de 1867 em primeiro continuo da respectiva secretaria d’estado, tendo já sido preterido para o logar de porteiro por um outro individuo, que tendo menos serviços, é provavel que tivesse por si maiores empenhos, porque emfim, já muito antes de 1867, o ter por si bons serviços á causa constitucional, despidos de protecções clubisticas, eleitoraes e partidarias, embora taes serviços fossem prestados em arriscada epocha, de pouco, ou nada serviam para conseguir empregos. Nenhum liberal de boa fé pensou jamais até 1834, ou 1835, que o systema liberal, havia de facto ser o que desde então até hoje todos temos visto. Todavia, parece-nos tambem que Antonio Joaquim Governo, semi-doido como era, não estava no caso de ser nomeado porteiro, emprego que exige já mais alguma coisa de juizo e merito do que este homem tinha, ou mostrava ter, sendo por fim reformado no lugar de continuo.”
Esta história, tendo ou não o seu fundo de verdade, faz lembrar que muitos desenlaces se dão de forma similar, fruto daquilo a que se costuma chamar acaso, custando por isso muitas vezes aturar o certezismo causa-efeito de alguns historiadores.
Luz Soriano, Simão José da; “Historia da Guerra Civil e do estabelecimento do governo parlamentar em Portugal”, 3ª época - tomo IV, Imprensa Nacional, Lisboa, 1884, pp. 389 a 391.
fac simile na BND – pp. 389390391 por MCV às 01:08 de 24 julho 2007
Uma questão de mantissa
Era assim que eu exemplificava a relação entre massa e altura, nos homens. Fazia-me forte enquanto ela se contorcia sob o véu branco da túnica e exibia os seios em toda a grandeza e esplendor, para usar o mais comum dos lugares, que era o meu. Alguém tinha dito que eu a abandonara, horas ou minutos antes, na mesa do antigo presidente da câmara. Entretanto não se passava em lado nenhum. As chuvadas de verão tinham enchido os barrancos e transformado em lamaçais intransponíveis os caminhos nas portelas, nos corgos e nas várzeas. Só com tractores de rasto – dizia um. Ela fazia-me esquecer a impossibilidade de ir ao monte. Deitava-se algures com a luz por trás. E eu saía para a praia. Logo ali ao começo do caminho, verificava que a maré cheia a desfazia por completo. Nem um assomo de areia, à excepção do acesso onde me encontrava. Metia a viola no saco e voltava. Ela estava sentada na mesa do antigo presidente da câmara. Sem o dito. Só com crianças, praticando o magistério. Ergueu os olhos, quando entrei no café. Terminou a lição e disse que era hora de tomar indecisões. por MCV às 17:54 de 23 julho 2007
A natalidade fiscal
Parece que há para aí umas mentes iluminadas que partem do princípio que a inversão da tendência da taxa de natalidade se faz com incentivos fiscais e subsídios diversos. por MCV às 16:41
A barquinha voadora do Professor Pardal
O sonho de uma vida. Ter um veículo voador descapotável, meio termo entre o carro anfíbio e o disco voador, similar a uma das muitas versões da barquinha voadora do Professor Pardal. Vermelho e com estofos canelados, é claro.
Este, a bem dizer, não se parece muito. Apenas o suficiente para eu também querer ter um. Esta parte da história da aeronáutica tem objectos curiosos. por MCV às 01:17