Este post no Fiapo de Jaca. por MCV às 22:08 de 09 fevereiro 2008
A questão das percentagens
A incapacidade para lidar com a matemática de uma esmagadora percentagem da população e de muita gente licenciada só por si não justifica a asneirola. É preciso aquele quê de estupidez adicional que afiança ser a nossa ignorância coisa negligenciável. Desta feita, foi ao ler Medina Ribeiro no Sorumbático que tomei conhecimento de mais estes dois fascinantes disparates. Vão para a colecção das percentagens.
Eu um dia ainda hei-de dizer o que pode, de facto, desvalorizar 400%. Ou mais. Alguém arrisca um palpite? por MCV às 01:31
Galardão
Agradeço à Dona T. a distinção que confere a estas páginas. O galardão é, ainda por cima, bonito. Não sei o que mais dizer. Não me sinto capaz de nomear outros cinco.
À recentemente retomada discussão dos investimentos e da sua (in)eficácia no Portugal dos últimos séculos, há pouco ilustrei-a com o seguinte quadro: Uma extensa fila de gente derramava-se da porta da papelaria aqui ao lado. Faltava quase nada para as 19 horas. Quando lá entrei em busca da revista, depois da hora fatídica, não me contive – perguntei quantas pessoas tinham ficado de fora do sorteio. A resposta foi que o número era incontável. Para eles que não viam muito para além da porta. por MCV às 20:03 de 08 fevereiro 2008
Agitprop
Outro dos sintomas denunciadores da pseudo-intelectualidade, nacional e estrangeira, é a confusão entre ciência e propaganda. por MCV às 01:48
Linha do Alentejo (antiga Linha do Sul), ponte sobre o rio Sado, 1992
Vejo agora que esta imagem me perseguiu estes anos todos, sem que eu desse por ela. Era a minha companheira de imaginadas aventuras ao volante, vestida carnavalesca e empoadamente de madeirense, emoldurada na mesinha do telefone. Ali, logo à vista de quem lhe entrava em casa. Talvez que essa recordação se cimentasse pelo facto de eu pertencer a um subgrupo que não ostentava fotografias. Nem nas paredes, nem nas mesas nem em lado algum. E que não andava por aí mascarado. por MCV às 04:11 de 06 fevereiro 2008
Escrevi pouco aqui sobre o assunto McCann. Onze posts com este, se não me enganei a contar, escassas linhas de cada vez. Mas escrevi mais do que a maioria dos blogues que costumo ler. Significa isto que dei mais atenção ao caso do que acho se deveria dar, uma vez que escolho as minhas leituras pela capacidade dos seus autores e delas noto agora que tiro uma medida, que é afinal minha. Não tenho nenhuma ideia sobre o caso a não ser a trivial de que a história está muito mal contada. Quanto à acção da polícia e da investigação, dei vaga nota do desnorte de que a primeira conferência foi veículo. Tratou-se de um lamentável espectáculo. De forma ridícula e atabalhoada tentou copiar-se o aparato e o cerimonial das conferências de imprensa à inglesa e à americana, apresentando não sei quantas pessoas com intervenção no caso. Hora e meia foi o lapso de tempo que decorreu entre a hora aprazada e o começo efectivo sem outra razão plausível que não fosse a de reunir o tal painel, uma vez que as declarações como se sabe foram vazias de conteúdo. Desse primeiro passo à recente intervenção do Director Nacional, o caminho das declarações proferidas e dos actos públicos é conhecido e lamentável. Não tomo em consideração notícias de jornal, apenas coisas que ouço directamente da boca dos responsáveis, ainda que obviamente veiculadas por rádios ou televisões.
O ceguinho não se levantou?
Há pouco mais de um mês, dei uma escassa e romântica nota sobre um misterioso episódio com o qual tive contacto há mais de dez anos. Não sei sobre ele muito mais do que contei então. Neste caso, faço tenção de me socorrer dos jornais para vos dar uma ideia do que se passou então e do que foi sucedendo depois, ao longo dos anos, sem que o mistério deixasse de o ser:
Expresso de 9 de Novembro de 2002 – I; II (cópias das notícias) Correio da Manhã de 24 de Outubro de 2006 por MCV às 22:29 de 04 fevereiro 2008
A percepção da realidade
Não vale a pena entrar em caminhos de reflexão sobre o que é a realidade e o que é que tomamos por ela, antes e depois de a percebermos. Isso é problema com milénios de escrutínio que ainda não teve grandes soluções. Adiante. Mas no comezinho, na coisinha de trazer por casa, na vidinha dos dias uns atrás dos outros, em todos os outros inhos que nomear se possam para dar a ideia de vulgaridade, há alturas em que a realidade é suficientemente objectiva para dela se poder ter uma ideia utilitária capaz de ser passada e repassada aos outros. Acho que foi com isso que chegámos aqui. A este ponto da História. Dizendo coisas uns aos outros. Umas vezes mais certas outras vezes mais erradas.
Uma coisa que (ainda) me custa é ver ou ouvir um jornalista que não percebe a notícia que está a dar ao mundo. Talvez porque é cada vez mais difícil assistir a um noticiário sem que tal aconteça.
A notícia desta noite, desta madrugada, é o caso das pessoas que estão em apuros lá para o Gerês. A crer no que foi dito, algures entre a Portela do Homem e os Pitões das Júnias. Ora a notícia refere sempre as pessoas como desaparecidas. E fala em buscas para as encontrar, ao mesmo tempo que nos diz que transmitiram, via telefone, as coordenadas do lugar em que se encontram. Quem redigiu isto não percebeu várias coisas. A primeira é que pessoas desaparecidas não costumam comunicar por telefone. É uma coisa que os desaparecidos têm, uma coisa lá deles, não gostam de dar notícias. A segunda é que pessoas que comunicam a sua posição não carecem de ser encontradas, localizadas. Não é de uma busca que se trata, é de um resgate, de um salvamento. Não perceber que se trata, pelo próprio teor da notícia, do resgate de gente que está em dificuldades e não de uma busca por desaparecidos parece-me apenas ser mais uma prova de que é mais fácil encontrar nos perfilados de qualquer paragem de autocarro um Q.I. médio superior ao dos alunos de alguns cursos de jornalismo do que o contrário. Eu sei que estou a subsumir a partir deste e doutros casos. Mas apetece-me fazê-lo. Atão e agora? por MCV às 03:35