Ouvi ao fim da manhã a notícia de que um desabamento de um túnel em construção em Andorra tinha vitimado trabalhadores portugueses. Imaginei a coisa - uma galeria a ser escavada que por qualquer razão se desmoronou. Já de noite, depois de ter ouvido várias vezes falar em túnel e de gente encurralada no túnel, vi finalmente imagens da cedência de uma estrutura a céu aberto que estava a ser betonada, ao que parece. É certo que se incluía, como estrutura anexa, na abertura de um túnel. Mas nada ali se passa dentro de um túnel. É ver as imagens. Coisa vulgar esta. A de um jornalista não perceber uma imagem que tem à frente. por MCV às 23:20 de 07 novembro 2009
A responsabilidade e a culpa são de
Pessoas capazes como as que ouço neste momento na SICN: Henrique Medina Carreira João Duque Nuno Crato Que deviam empurrar o lixo intelectual que por aí anda para o sítio indicado. É de gente desta que precisamos para ocupar o lugar dos incapazes que nos têm governado, com raras excepções, nas últimas décadas. Ainda que o tom pessimista de Medina Carreira assuste muita gente. Sucede que diz verdades como punhos. Se gente desta não se chegar à frente, continuaremos a ter primeiros-ministros que dizem na AR não haver problema porque as perdas do Estado são cobertas pelo... Estado! por MCV às 22:57
É o clima
imagem adaptada do Google Maps
Andava com o Sporting atravessado na garganta das teclas há demasiado tempo. Nem sequer a sondagem caça-moedas de há dias me fez rir. Se há um problema com o relvado de Alvalade, e é claro que há; se há um problema com a desorientação da equipa, e é claro que há; se há, ou havia um problema que se revelava na expressão facial de Paulo Bento na maioria das vezes em que o focavam no banco, e era claro que havia. Se há tudo isso, sendo claro que era (e será, para mal dos pecados dos sportinguistas) tudo isso verificável, alvitro que a questão é climática. O centro de altas pressões que se instalou sobre o estádio, matou o relvado à míngua de água, actuou sobre as amígdalas cerebrais dos jogadores, comprimiu os pontos na respectiva tabela e, mais do que tudo, provocou a confusão lexical entre banco e banco. Entre reservas e reservas. E, pelos vistos, dilatou o tempo. Ouvi falar em quatro meses. Na minha opinião nada disto é novo. Infelizmente. São exigidas alterações climáticas. Sem mais delongas. por MCV às 09:31
A serem verdade os rumores que correm já há dias sobre a prisão preventiva do Pai Natal, quem irá distribuir os presentes nessa noite? por MCV às 15:13 de 06 novembro 2009
No corredor de Juliette
E eis que o homem esperava. Não que pudesse dizer que à sua frente tinha um corredor vazio. E uma porta para outro mundo lá no fim. Havia um Eurico mais abatido, menos dono do lugar, acompanhado de sombras. Como que inversamente proporcional à preocupação do homem, em função de Eurico. E eis que ela surge, lá do fundo, macilenta e terrivelmente bela, de olhar quase cego. O homem continuou a esperar. Eurico II e as suas sombras internaram-se no corredor. O homem continuou a esperar. Deu-se conta de que ela estava ao balcão da secretaria. Nas suas costas. Quis saber-lhe o nome, rever-lhe a face, saber que mal a trazia ali. Tudo isso soube, enquanto esperava. Uma voz off encarregou-se de tal. E viu, alarmado*, ela visá-lo numa entrevolta. Afinal encontrou Juliette no dia aprazado. Longe de festivais de cinema. Talvez à beira do fim. *Compreendo o homem. Na minha bitola, Juliette é uma das mais sublimes fêmeas da espécie.
Nota acrescentada em 6 de Novembro, cerca das 10:15: Confrontado com a leitura do post, o homem fez notar duas coisas: Apesar de ter ouvido a publicidade ao Festival, ignorava que Juliette fizesse a sua aparição no dia 5. Durante o tempo em que a cena se desenrolou conservava nas mãos um exemplar de "Viagem para além da morte" (The Fabulous Riverboat, de Philip José Farmer) e logo depois Sam Clemens - ele disse Mark Twain - avistava numa das margens a sua morta-viva-morta querida Livy. Fez ainda saber que tinha lido aqui o parágrafo em que eu dizia há uns tempos que cada um constrói as coincidências que quer. As minhas palavras foram outras mas o sentido é esse, de facto. por MCV às 21:30 de 05 novembro 2009
Atraso
Diz o Director-Geral da Saúde, pessoa pela qual tenho respeito intelectual, que se conseguiu atrasar a propagação da epidemia e com isso ganhar o tempo suficiente para se ter uma vacina em tempo útil. Estou ciente de que o papel dele está num plano acima do científico, que é político e de controle da situação. O mesmo reconheceu o Prof. Alexandre Quintanilha num programa da RTP N para o qual convidou aquele. Passemos adiante a questão da vacina vir ou não em tempo útil para o comum dos cidadãos, cujo risco de saúde não esteja identificado e que não seja considerado imprescindível lá por um certo critério (contrário ao dos cemitérios cheios de insubstituíveis). Atentemos portanto apenas na afirmação de que se conseguiu atrasar a propagação. Para termos um atraso, seja no que fôr, temos que ter antes de tudo um tempo-padrão. Uma referência. Um comboio atrasa-se face ao horário de todos os dias. Uma pessoa atrasa-se face ao combinado. Um relógio atrasa-se face à hora legal. Ora referência é justamente coisa que não temos. Como em muitos aspectos da vida, há uma tendência para se pensar que há mais do que uma opção no caminho da vida, como se se pudesse percorrer um em opção, medir as consequências, voltar atrás, percorrer o outro, medir as consequências e comparar (pode ser um mero atraso). E essa tendência nada tem de científico embora se possa usar em determinados papéis políticos porque de facto funciona como argumento. É o caso aqui. Faz algum sentido que se digam coisas que confortem o público. Ainda que essas coisas não façam sentido nenhum. Mas isso é coisa de que o público raramente se apercebe. Não havendo referência, não se sabendo de que forma e com que rapidez se propaga um vírus numa variante só identificada agora, apenas se pode pensar que algumas medidas tomadas, aqui e ali, poderiam em abstracto ter constituído obstáculo à propagação. Mas quais? E tomadas onde? por MCV às 22:14 de 04 novembro 2009
E o que se finou foi...
O dito. E com ele o acesso a quase todo o software. Estou assim com serviços mínimos, graças à opção dois discos, dois sistemas. Sendo que o disco de reserva tem muito pouca capacidade. Naturalmente que o blogue vai sofrer algumas consequências do facto até haver novo disco. Um dia destes. por MCV às 04:18
Dia de Finados
fotografia tratada por MCV às 03:39 de 02 novembro 2009
Belfast, 2009
fotografia de Mr. Gaston Smith, correspondente do HGU no Ulster por MCV às 01:31 de 01 novembro 2009