"No preciso momento em que abro os olhos fiquei completamente estupefacto. A escuridão tinha desaparecido e estava em pleno dia. Uma claridade intensa, sem contudo, incomodar a vista iluminava tudo à nossa volta."
Basta talvez multiplicarmos a nossa própria indiferença face a um qualquer fenómeno estranho que tenhamos presenciado, pelo número de pessoas que julgamos terem testemunhado o mesmo e teremos uma ideia da insignificância histórica da coisa, ainda que objectivamente ela se revista de uma importância muito superior. O que sucedeu nos céus de Portugal na madrugada de 15 de Julho de 1979 não foi explicado. E é provável que se trate de uma das mais testemunhadas anormalidades da história do país, tantos foram os relatos que a imprensa disse ter ouvido e recebido. Já aqui referi o que vi e onde. Para quem quer passar à frente, resumo que se tratou de um clarão que tudo iluminou como se tratasse de um sol forte e a pino num dia de Verão, durante o lapso de tempo suficiente para ficar com um retrato bem vívido na retina do que me rodeava. Um segundo, mais, não faço ideia. Isto cerca das duas e meia da manhã. Dessa noite, restava o testemunho de quem comigo estava. Havia os outros circunstantes que ignoro quem fossem e havia o testemunho de dois amigos que, a quilómetros dali, julgaram tratar-se de uma formidável explosão, tanto que procuraram o melhor possível resguardar-se da onda de choque que imaginaram potentíssima. Havia as notícias na rádio e os vespertinos do dia. E raramente pensei no assunto. Vez por outra relatei o caso a uma ou outra pessoa. Recentemente, decorridos trinta anos, voltei a mencionar o episódio aqui no blogue. Surgiu por estes dias uma reacção de alguém que também passou pela experiência e que deparou com o meu relato. Aqui vos fica a narração. É mais interessante do que a minha.
Agradeço ao Jorge a gentileza que teve. por MCV às 07:05 de 13 fevereiro 2010
Jornalismo
Ontem, ao noticiar o insólito caso do voo de Évora para Tires, uma jornalista afirmou que a aeronave se despenhara antes de alcançar o aeródromo de Cascais e que um dos ocupantes saltara do avião já na pista. O avião caiu portanto antes de chegar à pista embora já na pista é que alguém saltou! Será preciso possuir um curso de aeronáutica para avaliar esta impossibilidade? por MCV às 06:17
Esticar a corda
Não tenho sobre o Primeiro-Ministro grande opinião sobre as suas capacidades intelectuais. Fundamento-a em vários episódios em que o ouvi dizer coisas extraordinárias, sem o mínimo sentido. E que aqui referi por vezes. Tenho a ideia, já aqui também expressa, de que é alvo de uma campanha torpe e muito mal fundamentada por parte de quem não tem maiores capacidades intelectuais. Houvesse de facto alguma coisa grave a apontar a José Sócrates e ele já estaria frito a esta hora. Não estando, a única coisa que ressalta é a inépcia de quem assim o ataca. Tudo isto já aqui o afirmei. Não li, não ouvi nem conto ler ou ouvir estas ou quaisquer outras transcrições de conversas, mensagens ou gravações apanhadas à sorrelfa. O próprio facto de serem publicadas sem consequência é por si só a justificação da inanidade. Porém, a corda estica-se. E estica-se porque sobre o descontentamento existente, qualquer chapada de qualquer coisa castanha e com a devida textura é imediatamente tida por lama.
A ver vamos se a corda parte. por MCV às 11:06 de 12 fevereiro 2010
Sem legendas
fotografia adaptada a partir desta por MCV às 16:18 de 11 fevereiro 2010
Alguém acredita nos jogos europeus? por MCV às 22:13 de 09 fevereiro 2010
Marcos
Em 1993, havia num troço de estrada que ligava a E.N. 264 à via Infante de Sagres (vulgo Via do Infante), uns marcos quilométricos que assinalavam os km 90 e tal do IP1. Eram marcos curiosos conquanto respeitassem o formato dos do plano de 45, referiam-se a um IP do plano de 85. Ignoro se ainda lá estão e se foram ou não reciclados. Já na dita via Infante de Sagres, escassos quilómetros andados, os competentes marcos de lata letra branca em fundo azul de auto-estrada já marcavam os km 300 e tal do IP1. Em cerca de dez quilómetros, tinham afinal sido percorridos mais de duzentos!!! Sendo que nem uma nem outra contagem faziam o mínimo sentido. Aí, na última vez que lá passei, os marcos referiam-se à A22. Poder-se-ia falar de muitos outros exemplos semelhantes de desnorte, de incompetência, de burrice.
Este aqui encontrei-o em 1995 num sítio onde seria talvez expectável encontrar o km 20 da E.N. 264, na versão proposta pelo plano de 45 e a uma légua bem medida do local onde afinal está o km 1 da E.N. 264, que acabou por ser construída com um traçado inicial diferente. Este marco tampouco remonta ao tempo do traçado inicial. Foi lá colocado muito posteriormente. Acresce que o formato do marco nem sequer é regulamentar. Como se pode perceber pela imagem comparando com qualquer dos marcos quilométricos da weberneta. É o tipo de coisa que acontece porque sim. E há demasiados porque sim aqui, ali, no governo do país aos mais diversos níveis. Este é apenas um exemplo caricato. por MCV às 23:35 de 08 fevereiro 2010
Tabu
Há alguns tabus mais ou menos persistentes na vida portuguesa. Um deles é a ETA. Com as excepções óbvias do assalto à Embaixada de Espanha, do caso GAL e da controvérsia sobre a extradição de Telletxea Maia, o assunto ETA foi sempre encarado como longínquo. Até que recentemente, com o episódio dos carros de aluguer, a coisa saiu um bocado das baias em que se encontrava. Falando de cor, apenas com o cheiro da pólvora, sempre tive a ideia, dir-se-ia uma espécie de ilusão mental, que a ETA apenas usaria o território nacional, vez por outra, como posição recuada, onde teria aqui e ali casas seguras, apenas para abrigo temporário dos seus irregulares. Nunca me cheirou a tal pólvora. Mesmo que admita que na conturbada fase de 1975 – se a Embaixada de Espanha foi ela própria incendiada! – tenha havido algum tráfego de armas e bagagens. O quadro geral era, na minha ilusionada ideia, de que as coisas se passariam assim. Os últimos sinais, desde as histórias dos carros alugados, iam no sentido inverso. Até ver, confirma-se que havia mesmo uma base. Pelo menos uma. A minha questão agora é se isto vai alterar em alguma coisa o denso véu que sempre caiu sobre este tema. Como um tabu. por MCV às 20:30 de 07 fevereiro 2010
Lá, onde as paredes têm ouvidos
E olhos. E todos ouviram falar de Manoel Vilhena e viram o que fez.
trecho de fotografia de folheto editado pelo Turismo de Malta. por MCV às 02:56